O rumo
O mundo fugiu de mim
E só restaram caminhos óbvios
Que ocultavam uma possibilidade
Um rumo a ser conhecido
O caminho fugiu de mim
E não era uma rota
Uma direção no mapa
Se havia um princípio
Ele se confundira num torvelinho
De sensações imediatas
Se havia um final
Ele estava submerso
Na falta de objetivos
Até onde me esgotava
Não estava perdido
Ainda não havia me encontrado
Meu tempo vendia uma felicidade
Que só era sabida pelas faltas
E todos estavam carentes
Infelizes, vazios talvez;
Vendidos e vencidos
Pelos mitos do destino
Havia ruas
Que não levavam a lugar algum
Passos incertos
Buscavam destinos óbvios
E confirmavam esta certeza
As vidas sem sentido
Desgastavam o cotidiano
Viver e morrer
Era só as cinzas das horas
Escorrendo na ampulheta
A existência em sua escala
Nos iguala aos vermes
Nestes tempos em que viver é ganhar o dia
Falta-nos a utopia para merecê-lo
A sucessão dos eventos
Dava um ritmo à vida
A velocidade desta sucessão
Sustentava uma ilusão
Um fetiche de poder
Então todos possuíam todos
E ninguém se submetia a ninguém
O mundo fugiu de mim
Por caminhos e descaminhos
Não cedi ao senhor do meu destino
Não li mapas
Mas também não me dei por perdido
Minha natureza é seguir o sol
E andar nas pedras
Até criar o caminho.