Drummondiana

A janela do trem recorta a cena

Onde Minas é mais sutil

Aos olhos de quem partiu

E a saudade ecoa serena.

A paisagem gasta,

O horizonte recortado,

Montanhas roídas e doídas

O fio da dor resiste no poema;

Na cadeira da varanda

A melancolia e o alumbramento

Desenham a trama do verso.

A eternidade e o momento

Cruzam num único plano,

Da paixão ao horror tirano

De José e seu universo.

Sentindo, sentir de verdade,

Carlos de toda saudade

Andrade de nascimento.