OLHOS OPALINOS
Pudesse eu
nesta minha vida
de dúvidas desmedidas
voltar às certezas singelas
de minhas primeiras convicções!
Crer no Natal
com olhos de pedras preciosas
e no Ano Novo
com olhos de eternidade.
Ver o futuro
com olhos de castelo de areia
e o presente
com olhos de infinidade.
Viver a realidade
com olhos de duendes
e os desenganos
com olhos de perenidade.
Pudesse eu
ir buscar no meu abandonado caminho
todos os olhos que perdi
e com eles todos em contemplação
redesenhar delicadezas,
reinventar gestos,
redescobrir gratidões
e prescrever serenidades!
Pudesse eu
ter todas as minhas feridas
curadas pelo beijo
de minha mãe!
Porém
estou na idade de olhos opalinos:
- eles não enxergam
além de um presente amorfo.
Estou na idade
em que beijos
não curam;
beijos ferem.