Garganta
Canta garganta, canta
Quando meu grito bastardo não mais ser ouvido; canta.
Quando minha dor se misturar,
Se triturar, se confundir
Com outros tantos gritos, canta.
Canta garganta, canta
Pra aguçar os meus sentidos
E ouvir os meus gemidos
No silencio tácito da noite, canta.
Canta garganta, canta
Pra esconder o meu receio
E redescobrir o meu desejo;
Abortado, espancado, meio ao meio.
Canta garganta, canta
Com toda a tua força
Com toda a tua íra
Canta forte, canta alto contra o mal
Contra a mentira, canta contra o fel
Que amargou e amargurou
Minha vida, nossas vidas, tantas noites.
Canta garganta, canta
E não silencie jamais
Pois seu canto é nossa força,
Nossa espada, nossa coragem...
Canta garganta, canta .