Ao amigo do bar.
Alguém mede soluçando
a extensão da aurora.
Alguém apunhala a almofada
em busca do seu impossível
lugar de repouso
(Alejandra Pizarnik)
Você
se debate pelas ruas e o asfalto acabou de ser esparramado
o cheiro quente o calor refletido diretamente no seu rosto que já é tão gasto que lhe diriam que deve ter quase 20 e tantos anos, e, nem imaginam que você já viveu mais coisas do que qualquer pessoa ali de 40 e tantos anos que
você já encontrou aquilo que eles passaram uma vida toda procurando ,
e que deve ser o que está ao lado deles em suas camas, todas as noites
em que você observa tanta coisa ao seu redor, do outro lado do seu balcão, tanta coisa da qual você faz parte com um copo, alguns cubos de gelo e toda a imaginação para usar isso
para que a noite acabe logo, como num gole
para que possa voltar para a casa, tentar dormir
talvez sonhar com algo que te faça
sair detrás do balcão para sempre.
(pegar o que te resta ainda e fugir para onde você está de verdade)