A ANATOMIA DE TE AMAR (Retrô)
O que me fez o coração ao te abrir a sala de estar?
Revolucionou a anatomia de quem se fez livre pelos grilhões que a ti me prenderam:
Na cabeça:
O olhar que se perde ao achar nas curvas tuas a direção do amor improvável....
O aroma atrativo ao paladar ilusório dessa paixão real...
O sabor doce que me engasga feliz nessa amargura voluntária...
O beijo vital que eterniza a esterilidade de uma vida sem ti!
Nos braços:
O ângulo reto entretido no vazio de um abraço jamais consumado....
A ternura do carinho imaginário, em nome do afago aquecido nas lâminas gélidas das saudades...
A corrida sobre as águas no mar solitário que almeja encontrar as ondas do teu querer...
O porto seguro que absorve alegre as torrentes lacrimejantes de tuas incertezas!
No corpo:
Um peito adoecido, filho das arritmias impetuosas que teu vulto em mim produz...
Uma pele clamorosa, hidratada pelo pranto que desliza sobre o leito dessa impossibilidade...
A sudorese emocionada – patologia crônica da paixão desenganada...
Uma casa aberta, habitada por milhares de ti, quando trancada para não entrares!
Minhas pernas:
Passos fugitivos e covardes que percorrem corajosamente as trilhas deixadas por ti...
Colunas em riste a suster toneladas de desejos por um grão do açúcar desse beijo teu...
Cúmplices de um coração refém que delas se utilizam pra fugir de ti, te achando em mim...
Donas desses pés que imprimem luz por onde andam, posto que só andam rumo a ti!
Meu coração:
Mera metáfora...
Versão pequena desse universo de encantos que tu és!