Ao vento
Ah! Meu amigo!
Tem tantas coisas que não te digo.
E não dizendo,
preciso desta solidão de ilha.
Longe da multidão que tenho medo,
pois espreito o mundo à regular
distância, e a meu jeito.
Nesta ilha silenciosa e necessária,
construo amores, barcos e flores, e
alimento-os na cumplicidade do vento.
Aqui, neste degredo,
não cabem mentes normais e
nem olhares superficiais.
Há de se ter olhos de felino,
de bichos de estimação.
Há de se ver o invisível,
nesta ilha insana.
As loucuras são indispensáveis,
em tamanho abandono de palavras e nexos.
Ah! Esta ilha tão minha,
onde a vida é um sono,
embalado pelo vento!