Ao vento

Ah! Meu amigo!

Tem tantas coisas que não te digo.

E não dizendo,

preciso desta solidão de ilha.

Longe da multidão que tenho medo,

pois espreito o mundo à regular

distância, e a meu jeito.

Nesta ilha silenciosa e necessária,

construo amores, barcos e flores, e

alimento-os na cumplicidade do vento.

Aqui, neste degredo,

não cabem mentes normais e

nem olhares superficiais.

Há de se ter olhos de felino,

de bichos de estimação.

Há de se ver o invisível,

nesta ilha insana.

As loucuras são indispensáveis,

em tamanho abandono de palavras e nexos.

Ah! Esta ilha tão minha,

onde a vida é um sono,

embalado pelo vento!

Lislopes
Enviado por Lislopes em 28/04/2006
Código do texto: T146873