Onipresença
A música do fabricante de valsas,
Invade provisórios cantos.
Penetra em repartições públicas,
Fazendo o som dos tambores de marcação,
Baterem descompassados.
Entra na plantação de begônias,
Assustando aos parasitas,
Que correm em debandada.
Quebra a porta da casa burguesa,
E faz as rugas repuxadas dos moradores,
Virarem um sorriso falso,
De simpatia à música desafinada.
Fabricante de valsas que se preze,
Faz melodias para azêmulas empertigadas,
E para legumes muito bem vestidos.
E está em todo lugar.
Na rua cheia de todo tipo de gente,
Em funerais de primos de quarto grau,
Em casa de família,
E em casas que não são de família.
A melodia toca até a exaustão.
Até que o estômago passe a protestar.
Aí ela some.
Volta pro lugar de onde veio:
Do vácuo.