Onipresença

A música do fabricante de valsas,

Invade provisórios cantos.

Penetra em repartições públicas,

Fazendo o som dos tambores de marcação,

Baterem descompassados.

Entra na plantação de begônias,

Assustando aos parasitas,

Que correm em debandada.

Quebra a porta da casa burguesa,

E faz as rugas repuxadas dos moradores,

Virarem um sorriso falso,

De simpatia à música desafinada.

Fabricante de valsas que se preze,

Faz melodias para azêmulas empertigadas,

E para legumes muito bem vestidos.

E está em todo lugar.

Na rua cheia de todo tipo de gente,

Em funerais de primos de quarto grau,

Em casa de família,

E em casas que não são de família.

A melodia toca até a exaustão.

Até que o estômago passe a protestar.

Aí ela some.

Volta pro lugar de onde veio:

Do vácuo.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 28/04/2006
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