PASSAGEIRO
Noite estrelada, estrelada...
já não ouço meus passos pela noite.
Minha sombra solitária
confunde-se com o labirinto da escuridão.
No silêncio da madrugada fria,
agonizante, um poema de amor
tenta cantar e ganhar vida.
Não haverá amanhecer meu Deus...
não há mais jardins e nem primaveras.
Só esta lua que timidamente me acompanha,
e faz-me perceber o tamanho da minha insanidade.
Só agora admito
que amar tanto me fez mal,
amar sem limites me fez parecer louco,
amar sem juízo...imensamente...minha sina.
Noite estrelada, estrelada...
os sonhos são ainda os mesmos de ontem,
como é de ontem também
a solidão e a saudade.
O desespero das horas que passam
faz-me lembrar que não haverá mesmo amanhã.
Quanta insanidade eu trago...
e só agora entendo
a loucura que me fez amar assim,
o mal de amar sem fim, até o fim,
sina minha de um amor sem juízo
e completamente sem limites.
Noite estrelada, estrelada...
tento em vão fazer nascer meu verso,
caminho lentamente, mesmo porque
lembro que amanhecer não haverá.
Nunca mais.
Só esta estranha mania de amar infinitamente.
Louco que sou, sem limites.
Percebo enfim,
que de tanto e sem juízo ter amado
carrego dentro de mim
a sina sem fim de estar apaixonado.
Ah...minha noite estrelada, tão estrelada...
meu resumo é muito pouco...
porque de amar assim insanamente,
e tanto, e todo, e mudo,
andei morrendo aos pedaços pelo mundo.
E deixei de viver quase tudo.