NADA
Ai, passarinho solto na gaiola!
Quiçá viesse o sol, viesse o mar,
talvez assim pudesse me encantar.
Viesse a Lua, oh dia, vou-me embora.
Não há um só lugar, tudo é tão fora...
Não há ninguém, há somente o ar infestado de nada
e o nada há de ser mais nada a qualquer hora.
Foge, dor! E então ficarei ainda mais dolorido,
como se a ferida me fosse vaga
e no entanto minha.
Minha (a única coisa que é só minha)
esta razão tão louca e tão perdida.
Esta vida tão ávida e sem vida...