Berimbau

Foi ao som de um berimbau

Que quase passei mal.

Foi quando vi uma morena

Uma garota pequena

Jogando na roda.

Até parecia que era moda

Aquele rebolado

Feito com tanto cuidado.

Com os olhos atentos

Vi naquele monumento

O mais promissor talento.

Mestre Onça,

Do alto da sua compostura

Olhando de lado e com postura

Dizia: __ Que escultura!

Com passadas milimétricas,

Entrou na roda

Pra mostrar o seu gingado

Pra mais bela criatura.

Foi aí que entrei na jogada.

Passei-lhe uma rasteira

E disse: __ Deixe de besteira.

Dei um salto mortal

Pra mostrar que era o tal.

Ele respondeu com um rabo-de-arraia

Tentando me pegar,

Levou a maior vaia.

Mas, mal sabia ele,

Que quem usa esse golpe

Na minha turma

É quem anda de saia.

Naquele preciso momento

O pandeiro ficou mudo

E que nem o surdo,

Emitiu o último lamento.

Naquele instante crepuscular

Sua massa muscular

Me pareceu um tormento.

Mas desta vez eu não ia fugir do “bandido”

Fosse ele Mestre Onça, fosse ele o mais temido,

Estava de pé e disposto

A conquistar aquele rosto

De corpo tão sedento.

Tinha que partir de vez

Pra não perder mais uma vez.

Dei uma meia lua,

Ele fugiu com uma estrela,

Parecia um corisco

No meio da roda

Fazendo rabisco.

Não foi à-toa que ganhou o apelido de Onça.

Mas quando a morena,

Percebeu o rumo da contenda

Levantou e se benzeu,

Fez o cumprimento

Que mais parecia um juramento

E foi logo dizendo: __ Que seja onça

Ou qualquer outro bicho

Pra ter o meu abrigo

Não é preciso ser tão macho

Basta ser bom jogador e ser amigo.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 27/04/2006
Código do texto: T146311
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