Berimbau
Foi ao som de um berimbau
Que quase passei mal.
Foi quando vi uma morena
Uma garota pequena
Jogando na roda.
Até parecia que era moda
Aquele rebolado
Feito com tanto cuidado.
Com os olhos atentos
Vi naquele monumento
O mais promissor talento.
Mestre Onça,
Do alto da sua compostura
Olhando de lado e com postura
Dizia: __ Que escultura!
Com passadas milimétricas,
Entrou na roda
Pra mostrar o seu gingado
Pra mais bela criatura.
Foi aí que entrei na jogada.
Passei-lhe uma rasteira
E disse: __ Deixe de besteira.
Dei um salto mortal
Pra mostrar que era o tal.
Ele respondeu com um rabo-de-arraia
Tentando me pegar,
Levou a maior vaia.
Mas, mal sabia ele,
Que quem usa esse golpe
Na minha turma
É quem anda de saia.
Naquele preciso momento
O pandeiro ficou mudo
E que nem o surdo,
Emitiu o último lamento.
Naquele instante crepuscular
Sua massa muscular
Me pareceu um tormento.
Mas desta vez eu não ia fugir do “bandido”
Fosse ele Mestre Onça, fosse ele o mais temido,
Estava de pé e disposto
A conquistar aquele rosto
De corpo tão sedento.
Tinha que partir de vez
Pra não perder mais uma vez.
Dei uma meia lua,
Ele fugiu com uma estrela,
Parecia um corisco
No meio da roda
Fazendo rabisco.
Não foi à-toa que ganhou o apelido de Onça.
Mas quando a morena,
Percebeu o rumo da contenda
Levantou e se benzeu,
Fez o cumprimento
Que mais parecia um juramento
E foi logo dizendo: __ Que seja onça
Ou qualquer outro bicho
Pra ter o meu abrigo
Não é preciso ser tão macho
Basta ser bom jogador e ser amigo.