Querência

É igual fome de comer,

igual sêde de beber;

uma coceirinha gostosa

de dentro para fora,

sem jeito de se coçar,

com medo de se roçar.

É igual procura sem rumo,

igual verso sem rima,

que a gente espera fazer

e não encontra verbo certo.

A palavra hoje tão rápida,

traz o arrepio tão lépido.

E a gente fica sem saber

ou quem sabe, sem acreditar,

que é a natureza mexendo,

a beleza querendo se mostrar.

Então, a gente fica sem querer,

fica só nesse sonhar,

que é querência de amar.