ESQUADRINHAMENTO
Se for possível,
não passe as horas
tentando encontrar
o próprio nariz no espelho.
Ou terei de ir até você,
como quem não se importa,
e te mostrar o chão vermelho,
sujo de sofrimento
em horas em que eu não
conseguia encontrar
o meu próprio nariz no espelho,
e por procurá-lo ali,
ainda mais não o achei.
Olha, néscio, como eu, que inda mais néscio
não sei se devo ou se não, a positividade
enrolada no tapete da sala e cheia de poeira,
mofando e perdendo a intensidade.
Não chora, não briga, não reclama, não chora.
Bebe esse vinho, e esquece o nariz.
Sai, vai pelo terraço ver a chuva caindo no mar,
e, se possível for, risca-o com um giz o teu nome
dizendo:
– Aqui jaz um espelho.