Conversa com meu Pai.

Para meus avós Gregório e Mariana Rangel. (In memoriam)

E eu caminhava légua e mais légua

Com minha mula mansinha

Ia buscar água nos pote

A mando de minha mãezinha.

Ia pequeno, num tinha escola

Era só estrada e enxada

E de noite a gente dormia

Sempre com a barriga pregada.

Deus se mandava chuva

era tão pouca que nós nem via

E nós se agarrava tudo

Na força de minha mãezinha.

Pequena e magra feito grilo

Era mais forte que cabra macho

Mas se enfezava com os fio

Se os outro desrespeitava

Fugimo daquela terra

Que queimava e pele e ardia

Mas não teve tempo melhor

Que o tempo que lá vivia.

Era calo em cima de calo

Era fome e sequidão.

mas nosso pai fazia uns verso

que enchia o coração.

Hoje a alegria que tenho

São os meus filhos doutor

E a lembrança que trago

São os calos que a pele marco.

Que eu sei que era igualzinha

as marcas da mão do seu avô!

(Licença poética para reproduzir o modo de falar de meu pai - Manoel)

Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 26/02/2009
Reeditado em 26/02/2009
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