Conversa com meu Pai.
Para meus avós Gregório e Mariana Rangel. (In memoriam)
E eu caminhava légua e mais légua
Com minha mula mansinha
Ia buscar água nos pote
A mando de minha mãezinha.
Ia pequeno, num tinha escola
Era só estrada e enxada
E de noite a gente dormia
Sempre com a barriga pregada.
Deus se mandava chuva
era tão pouca que nós nem via
E nós se agarrava tudo
Na força de minha mãezinha.
Pequena e magra feito grilo
Era mais forte que cabra macho
Mas se enfezava com os fio
Se os outro desrespeitava
Fugimo daquela terra
Que queimava e pele e ardia
Mas não teve tempo melhor
Que o tempo que lá vivia.
Era calo em cima de calo
Era fome e sequidão.
mas nosso pai fazia uns verso
que enchia o coração.
Hoje a alegria que tenho
São os meus filhos doutor
E a lembrança que trago
São os calos que a pele marco.
Que eu sei que era igualzinha
as marcas da mão do seu avô!
(Licença poética para reproduzir o modo de falar de meu pai - Manoel)