Devaneio
Ao pensar em rabiscar uns versos,
Pego um lápis e um papel qualquer.
Escrever o que?
Ser homem? Ser mulher?
Escarrar as letras,
Vigiar entre um verso e outro.
Cuidar em não ser coeso,
Afinal, todos os padrões já morreram,
Só que ninguém percebeu.
Eu, o poeta de uma loucura triste
Encarrego-me de alertar:
NÃO ME ESCUTEM!!!
Existem gritos ao meu redor,
Meu papel é irregular
E acho mesmo que perdi a conta
De quantas vezes o mundo acabou.
Que confusão!
Agora é tudo de novo:
Adão ou Eva?
Quem começa?
O paraíso é logo ali...
Eu, o poeta de uma tristeza louca,
Encarrego-me de alertar:
ESCUTEM-ME, POR FAVOR!!!
A intensidade da carência
De novos tempos, há muito se manifesta.
Sou um instrumento da providência poética.
Sou um louco com um lápis na mão.
Mais atenção, senhoras e senhores!
Este poema morre aqui.