INCONTROLÁVEIS DESEJOS

As fantasias rodopiam, giram obscenas, obscuras,
voam, povoam as mantas
das noites escuras,
libero-me nesse devaneio,
minhas sensações deliram sem medo, sem rodeio,
abrindo a cortina das emoções;
O pensamento devassando instantes, constantes,
dos incontroláveis desejos mutantes,
vividos nas tórridas horas da vida,
espreguiço-me entre braços e abraços da paixão,
perco-me nas bocas de hortelã e anis,
arrepio-me no resvalar das madeixas,
enrolado na cama dos desejos,
sinto os arrebatadores beijos,
não há reclamos, não há queixas,
o prazer subjuga a razão,
feito o sol rasgando o véu da noite,
o mar no cio, furioso no açoite
sugando, engolindo, a alva areia da praia,
um grito no infinito, acende a chama
que queima, consome num breve segundo
o desejo incontido,
até a erupção do vulcão,
a lava escorre, quente, fervente,
num suspiro agudo, profundo,
saciando cada pedaço do corpo,
que fica flutuando no espaço sideral
a espera de outro vendaval.
Queria esses dias, todos os dias,
mas não posso devanear assim,
porque me perco entre tantas marias...

ANDRADE JORGE
direitos autorais registrados
04/08/05
ANDRADE JORGE
Enviado por ANDRADE JORGE em 26/04/2006
Reeditado em 16/07/2006
Código do texto: T145722
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