Enigmas de sobrevivência

Protejo-me onde abriga os insólitos

Escondo da briga dos revoltos,

Não sinto falta de tal costume

Que me fazia acostumar

Com os mesmos dias e decisões.

A realidade insolúvel, a fé solúvel

Um rosto escondido atrás de um véu,

a sentença lista do réu.

Podia me tornar um rei, um súdito

Um cristão, um eremita.

Astuto, de olhos arregalados.

Um povoador, aumentando as cifras da terra.

A configuração da absorção

A lei da troca, da oferta e da procura

A dor e a cura

A energia pura só vem do ventre materno,

A cruz, o prego e o martelo,

A prolixidade do eterno.

Podia me tornar um criacionista

Ativista, surrealista

Um maquinista a conduzir o vago

Pelos vagões, uma possível aparição

Que só aparece nos alvos dias,

A razão e afeição,

Um semblante sem feição.

Podia me tornar um ?

Se soubesse o que seria

Se seria o que soubesse,

Se sou, ou deixei de ser

Ou deixei de ser o que sou,

Se soubesse que era complexo assim,

Preferia ser um pássaro, mas não os de gaiola.

Como dizia HENRY DAVID THOREAU;

"Mais do que amor, do que dinheiro, do que religião, do que fama, do que justiça, me dê a verdade"