Eu

Chega o Tempo

em que o Outro não te sacia.

Cansa-te a conversa vazia

que sobra com a louça na pia.

Por que receber

o Mundo que dizem trazer?

Que interesse há

em saber que tudo continua lá?

Cansam-te as retinas

suas bobas rotinas.

Suas constantes alegrias,

suas trágicas monotonias.

Só queres ser só.

Ficar consigo,

beber teu Tempo

e dormir tua Hora.

Findou-te o Tempo da Divisão.

Da bondade. Da vaidade.

Tudo é o mesmo em qualquer cidade.

É chegado o Tempo da Sobriedade

e de saber que o Outro

não é tua metade.