Meu ofício

Juntei pedras e pó

Reguei com a saliva,

Montei meu edifício,e

Nem vi que estava só.

Misturei tudo sozinha

Das ilusões erguidas

à primeira parede pronta.

Íntima construção minha

Veio o vento do vício,

voaram palhas e planos.

Soterram-se os alicerces

quando desabou meu ofício

Espreito entre as ruínas

procurando no infinito

meu arco-íris de sonhos

para colorir as retinas

Sei tudo que sinto

Viver é juntar o pó

das paredes da memória

nos pingos foscos que pinto.

Lislopes
Enviado por Lislopes em 26/04/2006
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