Meu ofício
Juntei pedras e pó
Reguei com a saliva,
Montei meu edifício,e
Nem vi que estava só.
Misturei tudo sozinha
Das ilusões erguidas
à primeira parede pronta.
Íntima construção minha
Veio o vento do vício,
voaram palhas e planos.
Soterram-se os alicerces
quando desabou meu ofício
Espreito entre as ruínas
procurando no infinito
meu arco-íris de sonhos
para colorir as retinas
Sei tudo que sinto
Viver é juntar o pó
das paredes da memória
nos pingos foscos que pinto.