Sobre o tapete da sala
Sobre o tapete da sala,
pinga do relógio, a hora
translúcida e incolor,
entrelaçando futuro e pretérito.
Que és tu tempo
senão a maior ou menor conta
do nada, que imprime na
face das coisas os selos do silêncio.
O quadro na parede,
as lacunas: mas nesta,
no quadro ou em mim mesmo?
Onde ficaste jardins de Renoir?
Onde foste abrigar-te?
O tapete da sala encharcado de horas
no vazio da sala,
na solidão do tempo
e a impressão de que
tudo fluidamente, afinal,
já passou
em algum lugar
em algum tempo,
Tempo.