PARA CARLOS DRUMMOND

A morte não calou ao poeta

e não emudecerá

aquele que falou do agora

e a tempo:

Antes, transformou

palavras de prata

em maciço ouro,

e elas perdurarão.

E o que angústia era, na certeza

de que o sentimento essencial

passeará absoluto, no cotidiano

de todo o mundo.

Aquela que soara inevitável

[e Já lhe levara os amores]

não conterá a razão desatinada,

de ser para sempre...

A desdita cerrou-lhe os olhos,

mas a ele sobreviveu

o enxergar inofuscável

das palavras,

na inquietação do espírito,

depurada, na bateia

do homem futuro.