Amotinado

Minha alma foi lapidada em uma peça de aço

E com muito carinho e um forte e ledo abraço

Fui colocado neste mundo apodrecido e hostil

Como sendo um cidadão honrado, justo, viril.

Os primeiros passos me foram já, ensinados,

Por mãos justas, com os mais puros cuidados

Para que eu não errasse ou desse no que pensar.

Assim e por isso, não posso, não devo lamentar.

Às vezes choro, choro, você nem acredita,

São pingos de fogo, lágrimas nuas - malditas.

Horas tenho passado, quase que descuidado,

Esperando por você já desolado, amotinado.

Você já não vem, não me dá calor, nem colo.

Fico triste, desnorteado, solitário me consolo.

Não sou as flores nem o fruto ácido do cesto,

Devo ser mesmo a besta solta e sem cabresto.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 26/04/2006
Código do texto: T145464
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