BUSCA
Traçando uma reta basta um caminho
Sonhos trocados por latas vazias
Fazem ensurdecedor silencio
Amores mal feitos são negócios desfeitos
Jogados na janela do nada
Eis, que o trem logo irá
Voará nos ares levará na bagagem águas passadas
Imensidão vai ganhando sua altura sem destino
Lá se vai trotando esse navio a zarpar
Sem parar, sem frear numa louca velocidade
As longínquas terras onde há castelos sem donzelas
Veja! Morreu a musa do poeta
Morte indolor, morte de vida, morte augusta
Quebraram-se vinhos históricos
Soberba divina da impiedade fingida
Ouvi uma reza de uma penada alma viva
Dor, câncer que espalha
Traz respostas a perguntas que não existem
Areia que escorre e que jamais será pega
Aquele chiclete envelhecido no fundo da cadeira
Contas segredos insossos repugnantes
Mares sem águas marinheiros sem embarcações
Buscas sem sentidos, espera desperdiçada
Um rangido no silencio, um sonho inacabado
Uma lágrima vertida no espelho rachado