INSPIRAÇÃO?...
Dedicado ao meu amigo "Peixão" (veja-se o Ensaio do autor intitulado: "Tantos escritos esperando")
Hoje, depois da merenda
sem halo de inspiração
dei-me de pena na mão
querendo fazer um poema
Medito...
Fazer um poema a quê?...
Se tudo já foi dito!
As estrelas, o luar
as ondas, o céu, o mar
tudo já
magistralmente descrito
Ao amor - o velho mito?
Será que nele acredito?...
Aos velhos e às crianças
que nos estendem a mão?...
Para esses não há poema
que valha um naco de pão!
Fazer um poema a quê?...
À terra onde nasci?...
Se o que me dói é o mundo
lonjuras que inda não vi!
Hoje
meu vazio só sente o nada!
Insisto
fazer um poema a quê?...
À beleza, à fealdade
à velhice, à mocidade
à dor que tomba chorada?...
Essas
puídas de tão descritas
moídas de tão cantadas
já se dão por interditas!
Hoje não!
Não há poema!
Nem sequer ao abandono
a que me votam as musas...
Solto lágrimas reclusas
cerro os dentes
bato a porta
só para me dar a certeza
de que ainda não estou morta!
(In "Despida de Segredos")