Elipse
Nada é certo nas múltiplas faces da vida,
não há verdade ou mentira,
sem opostos, sem respostas, sem partida,
não mais espera nem anuncia.
Nada há onde antes o tudo fora proclamado,
vazio de vida, de fé, letargia,
oásis recluso nas areias recolhendo a mó
na mesmice atroz da covardia.
Sem marcha, sem corpo, sem ideal,
olhos entregues à apatia,
falta a sorte e sua morte é agora real,
ilusão que o fim principia.
Nada é certo e a verdade é escondida,
não há tempo, não há dia,
no obtuso proceder dessa ignomínia
a voz se cala e silencia.