CIDADE QUE TANTO AMO
Triste é vê-la assim
embriagada de cinza
a maior parte do tempo
com seus rios ardendo em febre
e suas matas
sombreadas pelos edifícios
Triste é ver sua gente
vestindo-se de carro
todos os dias
antes de ir trabalhar
Triste é ver todas as manhãs
dentro dos vagões
milhares de olhares perdidos
que preferem buscar aconchego
na frieza dos pisos, tetos e corrimões
E é triste
profundamente triste
saber que em muitas de suas praças
em seus jardins
crianças apodrecem
lentamente
entre os jasmins