Farândola (parte 6)

... Não há só você,

mas você é quem é...

Um último aceno,

despeço-me da certeza iludida sem esperar,

da vida tristeza não levo,

muito menos levo no olhar;

este é o último grito,

silente permaneço desde amanhã,

de manhã novo dia já renasce,

com a firme certeza de nada esperar,

de nada ter,

de nada saber...

Alegre imagem decidida,

caminhos apressados,

sem medo e sem demora,

maduras palavras,

olhares mais claros,

respostas já antes pressentidas

com mórbido alívio caem-me às costas.

Escrevo, agora, meu último grito,

abandonando a dança,

provençal criatura,

das mãos do poeta descem os versos sublimes,

de maldade indefinida e sem medida,

dando a última volta,

em volta de mim mesma, meus restos;

abandono a dança sem par algum,

ligeira farândola.