Farândola (parte 5)

Maldito, maldito,

por que loucura posso querer-te assim?

Tarde serena de triste ansiedade que não tive,

estou tão calma! e isso me assusta...

um, dois, três dias se passam,

mais um dia somente por capricho me vem...

Espero tão calma que a calma me mata,

tanto pra se fazer aqui e eu pensando em você...

Tanto tempo curto,

tantos amigos e madrugadas despertas...

amanhã é dia ainda muito cedo,

longe das bonecas, dormindo sem travesseiro,

levo na mala somente as imagens

que, de alguma sorte, hei de trazer...

Enquanto tudo longe se passa

e voando passo, a passos,

vem você, mais próximo, ficando pra trás.

Quê quer você de minha alma embebedada,

sono perdido ou horas passadas?

Que me valeram muito, certo,

aprendi e ensinei a mim mesma...

Mas (você) o que me trouxe ou me roubou?

Insatisfeita clamo pela brisa,

que você fica cada tempo mais pra trás...

tenho tempo que falta

e quero intensamente beijar sua boca.

No toque da sua pele,

por que me fez te odiar?