Farândola (parte 4)

O meu céu azul

instiga minha poesia…

não tenho por quem escrever,

por isso escrevo para você,

ainda jovem nos meus versos,

de um poema, mas com muita força.

Tudo isso por uma solidão,

sou ainda ser humano fraco,

sinto falta de alguma companhia.

Pode e deve ser você.

Por causa disso tenho sonhado, acordada,

também.

Mas, se não for você, pode ser outro alguém,

um amigo que há muito penso em sonhar,

já que me foi anjo e demônio,

que por ódio deixei de abraçar,

de tentar perguntar por carinho.

Não me julguem fútil ou sem amor,

que por causa de um quase amor

hoje sou apenas sozinha.

E é esta deidade maligna chamada solidão

que me fez buscar alguém como você.

Por enquanto, enquanto não me respondes,

canto por seus olhos e chamo por seu nome.

Louca do amargo da sua boca,

bebendo este chá

e sonhando seu beijo.

Com que feitiço surgiste em meu céu?

Apareceu em meu dia,

pisando o mesmo chão,

amigos tão conhecidos,

ruas já, antes, pisadas,

casa mal-assombrada,

como já te conhecia não me importei.

Hoje, menino, por que me confunde?

Se está, também, confuso,

me deixe te mostrar o caminho,

viver a sua loucura

e mostrar a você o meu sonho.

Que mal há de nos fazer

um pouco de carinho?...

Permita-se viver um pouco esse risco,

que o ano acaba e a distância separa,

os mundos são outros e eu também vou embora...

temos tão pouco tempo,

vou viver o meu sonho,

cortar as unhas, os cabelos,

mudar meu rosto,

tornar-me mais velha...

e você também pode ir embora a qualquer momento.

Por isso, pela última vez, te falo e peço...

fica junto de mim,

uma noite, talvez somente,

ou o tempo que a gente quiser...

Que a solidão é funda

e eu quero muito ficar com você...

louca.