DIANA SUJA
Com seu corpo nojento
marcado por
picas,
picadas,
unhas e
porradas
ela ainda desfila
seminua
como mostrando
para as senhoras das ruas
onde seus maridos estiveram.
Cheira a todos os suores
que lhe derramaram,
todos os espermas
que lhe enfiaram
e todas as dores e medos
que lhe atacaram.
Para as senhoras
é vagabunda,
para os senhores
é saciadora,
para a polícia
é vadia,
para o padre
é pecadora.
Quem se importa
com o lixo que está na sua porta
se quando voltar de tarde para sua residência
será só uma esquecida ausência ?
Diana é apenas uma roupa
usada,
rasgada
e sem marca.
Não tem nome
nem sobrenome.
Herdeiro
nem herança.
Documento
nem fingimento.
Ela é só aquilo que se vê na rua:
Diana Suja.
(poesia inspirada em música de Michael Jackson - "Dirty Diana")