Papel Vermelho.

Pouco mais de vinte e duas horas, dois estampidos e gritos de uma criança.

Pela fresta da janela o homem caído.

Ao Lado do meu carro a poça de sangue foi lavada pela chuva. A triste figura e os gritos do filho, agora orfão não serão esquecidos!

ainda acordo no meio da noite com essa triste visão.

E penso nas crianças que viravam alvo certo e adormecidos na faixa de Gaza, em todo o A feganistão. penso nos milhares de homens e mulheres mutilados pelas minas esquecidas pelos Tutsis e Hutu em toda Africa do Norte e a morte das crianças aidéticas nos campos de refugiados é certo, por todo o continente africano é somente morte e fome!

Penso ainda nas centenas de milhares de mulheres e meninas vendidas por seus pais na Índia, lá a infância tornou-se moeda corrente e seus deuses com tantos braços e tantas pernas não alançam , não abraçam as meninas prostituidas e desumanizadas.

E aqui. as praias do Rio de janeiro, a candelária, as mães de Acarí, a Praça da Sé é agora apenas o marco de uma juventude "noiada", entorpecida, esquecida, ignorada e de novo saio de lá e volto pra Deus.

Pois somente nele consigo conviver com a minha parcela de culpa!

Embora eu seja apenas o último remador neste barco preste a afundar pois eu só sei dizer glória a Deus e Aleluia.

Não consigo mais escrever as cenas que me veem a mente, são cenas de jovens dando a luz à filhos e filhos sem pais, pais angustiados procurando por seus filhos, mães que jogam seus filhos em rios, gente que esquarteja , queima filhos gerados de seus próprios ventres. , gente que arrasa, consome , acaba com o sonho de crianças que não aprenderam a sonhar!

Não consigo mais escrever as cenas de guerras de nossos subúrbios, dos massacres e das lágrimas daqueles que ficam, eu não consigo mais escrever porque o papel em que eu escrevo está inundado de sangue e não de tinta!

Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 19/02/2009
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