ENTRE O MAR E A POESIA
Hoje caminho lento e triste
Como quem anda fugindo,
Uma dor que me consome
Um ardor que vai se abrindo
Chego a esquecer teu nome.
Vejo nascer o sol,
Uma vida se insinua,
Sinta esse verso que flutua
Com a pouca força do vento,
Suas lágrimas, o meu lamento.
Tenho na lembrança vagamente
Olhos marejados a me pedir,
A carne dilacera minha mente,
Assim tão sutilmente,
Tua vaga imagem ao partir.
Fico a deriva como navegante
Esperando uma ventania sua
Que mais sou que um errante
Um mar sem cor, sem lua,
Me disperso a cada instante.
Sai daquele puro enlevo,
A busca insana ao horizonte vindo
Atrás de ti me atrevo,
Um morto que se vai sumindo,
Mas que não se atrai partindo.
Deixo aos teus pés, minha vontade,
Assim, entre o mar e a poesia.
De vingar a dor com maestria,
Saltar do triste a liberdade,
e ser você o bem que eu previa.