DE ALMA PARA ALMA
DE ALMA PARA ALMA
Deixa a alma debruçada na janela
quando tiveres que sair sem mim,
que é da alma colher a primavera
das janelas que dão para o jardim.
Tolera esse desígnio que carrego
de me esquecer da alma na saída
eis que a alma não é sapato cego
nas pedras de tropeço desta vida.
Se tiveres que te perder de amor
a alma certamente o há de saber
como sente o perfume a sua flor
que por isso não pode se perder.
Se tu voltares lívida de mágoas,
nossas almas encontrarás assim:
imagens refletidas sob as águas
do lago mais sereno do jardim...
Afonso Estebanez