DAMA DE COPAS
®Lílian Maial

 
 
Hoje ainda escuto tuas juras,
Tuas desculpas,
Teus olhos de promessas
E um mar de (in)verdades.
 
No fundo, uma armadilha,
Pássaro nos céus,
Em liberdade numa ilha.
 
Hoje ainda sinto a suavidade dos teus dedos,
A maciez dos lábios,
Que se misturavam aos meus:
Pétalas de uma flor que nunca se imaginou murchar.
 
Ainda sei o tom da tua voz,
Identifico as agonias e defesas,
Os pontos cegos e a força,
O ódio e a fantasia.
 
Minha pele não conseguiu se limpar
Da tinta do teu amor onipresente
E persiste a mancha, a me lembrar teu nome
E o cheiro do teu prazer.
 
Até hoje não despertei da letargia,
Nem da imensa alegria
- Tola utopia -
De um amor sem fim.
 
Esse meu amor viúvo,
Assediado por uma saudade carpideira,
Amanhece num lado da cama,
Expulsa a carne e a mágoa,
E acalenta o fruto arrancado do pé,
Abandonado ao tempo.
 
Hoje refaço o jogo
E não encaixo as peças.
Embaralho as cartas,
Distribuo os sonhos,
Mas são cartas marcadas – azar!
 
Teimosa e crente,
Rezo por tua vida,
Que é meu alimento,
Meu sustento até à morte
– Sorte!
 

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