POEMA DO MAR COTIDIANO...
POEMA DO MAR COTIDIANO...
Aqui ao seu redor me têm o mar cotidiano
e a placidez marinha da viagem concluída.
É o quanto basta além da linha do oceano
para eu morrer pelos encantos desta vida.
O mar me fala sobre santidade de religião
bandida e traz notícia sobre gente suicida.
Que importa à Iemanjá a hora do alcorão
e aos mortos que nem sabem desta vida...
Aves me vêm banidas da rebelião insana,
nada que aos deuses seja dado controlar.
Minha alma tem a paz ainda que profana
das sacras liturgias das religiões do mar.
Aqui ao meu redor os da família, mortos,
fazem barcos de papel para me confortar
e tenho aqui o amor sacrílego dos portos
despertados dos corpos cálidos de amar.
Aqui me vem o mar em cortesia há anos
trazer-me a lucidez da viagem resolvida.
E isso é tudo, além do mar e os oceanos
para viver do que me resta desta vida!...
A. Estebanez