ENTRE O ESTRADO E O COLCHÃO

A cama

despencou copiosa

pelo vão inconsistente

que, macio, se chama colchão;

preciso ergue-la

com a urgência dos assustados

que adiam os medos

que picotam os sonhos

e, sós, despertam verticais.

A cama

desarmou cuidadosa

pelo chão impertinente

que insiste em frieiras de amor;

preciso levanta-la

com a urgência dos demolidos

acordados com sustos

desiludidos com insônias

desacordas pela horizontal.

A cama

insiste até em ficar

deitada de bruços no chão

se aquela amada, sublime e única,

deitar-se em mim, na plenitude da nudez,

ao lado do meu corpo nu completamente dela.