A NUDEZ LÚCIDA DO ABRAÇO

Por te amar feito louco,

os olhos doidos perdi...

Poucos são os amores

que deixam a alma partida

quebrar e seguir a mente sã

dos cacos na solidão dos vidros.

Por te amar como poucos,

a cara de muitos perdi...

Poucos são os amores

que deixam a alma pelada

vestir o sentimento no corpo

das camisetas compondo jeans.

da roupa

que perdi inteira,

quando nu ganhei a rua,

ou quando desavergonhado

gritei sem noção de lucidez

enquanto tua febre terçã me cobria,

restou só alguns trapinhos de panos molhados.

da roupa

que perdi completa,

quando nu envaideci alma,

ou quando desavergonhado

falei sem noção de delírios

enquanto tua pele macia me cobria,

restou só alguns respingos e suores escassos.

Por nos amarmos,

qual loucos,

é hora de revelarmos ao mundo

que amantes, deitados, perdem o pudor

da noção das roupas no armário do tempo.

Por nos amarmos,

qual loucos,

é hora de revelarmos ao mundo

que amantes, deitados, perdem o senso

e a lucidez da nudez, enquanto abraçados.