Força Ancestral!

Tuas mãos a mim humildemente estendidas
E tua voz rouca me chamando de “Excelência”
Denunciam, em si, o teu passado servil, escravo!
E teus olhos lacrimosos me pedem clemência!
 
Em minhas mãos entregaste um livro pequeno
Como a provar o direito à terra, ultrajado!
Ah! Meu preto velho, de semblante tão sereno
Teu próprio rosto denuncia teu passado!
 
Tu és um dos “troncos”, dessa negra comunidade
E em tua memória sobrevivem tantas tradições!
Não há trator que are e apague a tua historicidade
Não há violência que cale tuas sagradas orações!
 
Tua tez negra guarda entre seus vincos profundos
A sabedoria dos tempos, de origem ancestral!
Sobrevivente de além mar, de outros mundos!
Tu carregas contigo saber profundo e magistral!
 
Tuas mãos idosas e calejadas pela vida de lavrador
Tem mais eloqüência que os meus pobres escritos
Tu és a prova maior que tens a teu próprio favor!
Em ti teus direitos históricos já estão inscritos!
 
* Todos os meus textos são encaminhados para registro de autoria na Biblioteca Nacional
* Imagem Google

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 15/02/2009
Reeditado em 08/03/2009
Código do texto: T1440796
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