OS MENINOS BRINCAM

Só morrendo para descansar.

Sua sede aumenta em frente ao mar.

O céu estrelado nega a chuva -

mais uma beleza atroz.

E os meninos brincam na poeira.

Tem lodo na lágrima e no suor

e a pele marcada pelo sol.

A velhice precoce aparenta fraqueza:

engano do olhar que despreza o que for essência.

Com pau, com pedra e muita coragem,

não foge se tem que lutar.

E os meninos brincam de herói.

Estão cumprindo toda a sua sina,

desafiados pela própria vida.

Amam o solo que só é umedecido

por sereno suor e lágrima

sem parar de cantar.

A fome e a sede, repete-se a história,

continuam a castigar.

E os meninos continuam a brincar.

Luís César Padilha
Enviado por Luís César Padilha em 14/02/2009
Reeditado em 31/08/2010
Código do texto: T1439724
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