EXISTIR

Imagine que as interpretações

que fazemos do mundo são nossas.

Que elas são uma relação

entre nossa consciência e o mundo.

Agora, tenha por base a verdade.

Pense: se tenho uma interpretação

e você outra, e o mundo é um,

aquilo que distorcemos Existe.

É pleno o existir que independe

de percepção minha ou sua!

A noite não é parte do dia

e nem o dia existe fundamentalmente.

A existência plena, fundamental,

não é a do sol, mas mais fundo...

Em Energia se desfaz a matéria

num Espaço e sob um Tempo.

Conhecemos, o mundo sentindo.

Nossos olhos excitam o cérebro

então formamos imagem daquilo

que nada é senão a luz refletida.

A luz encontra a si, na matéria.

Mas se me encontro, estou...

Ou sou Aqui, num certo Agora:

presente tempo de toda hora.

Nada a mais que o pleno existir

justifica todas as coisas do mundo.

Nem tudo que existe existe Pleno;

não Existe a quem matar nem veneno.

Quando ainda não existia tempo,

também não existia quando.

Não houve começo nem haverá fim

nem ciclos infindáveis ou coisa do tipo.

O tempo é-se se o pleno existe.

E compõe com o espaço e energia

a volição inexistente das leis físicas,

que deles decorrem e a eles regem.

Nada há fora do espaço, infinito.

E o infinito não é a enormidade...

mas a impossibilidade de dele se fugir

e ainda versar sobre o existente.

As coisas se interceptam e influem

de maneira que as leis gerais da existência

as determinou a agir, inelutavelmente.

Assim é tudo e somos parte do todo.

Se olhamos a cachoeira, conhecemos.

Ela não nos pode conhecer...

E o nosso conhecer é formar idéia,

que são relações entre energias.

Capacidade essencial do ser humano

é poder conhecer por que existe,

pela relação que seus sentidos extraem

da natureza que podem perceber.

Nossa liberdade de agir, pensar...

não reside fora do domínio unívoco

ao qual o existir, por si, determina!

Nada quero, as ondas fazem por mim.