O poeta é de dar dó

O poeta é de dar dó

Da dor de ser poeta

E acabar só o pó.

Da concorrência desleal

De ser Júnior ou Leal

Da lealdade tão só.

Dos nós atados

Displicentemente

O sentimento da gente

De inacabado.

É de dar dó a dor

Que dá de amor

Daquela menina

E de toda essa sina.

Do verso do avesso

Do texto incerto

Que nem de longe, nem de perto

Tem dó do criador indefeso.

É, o poeta é de dar dó

Demasiado doido

De mão trêmula, tendinite,

É só um palpite,

Ele sonha em sol e sombra

E ri sozinho, zomba

Dá dó de ver, de ler

Saber que com livros e letras

Pão e leite não se compra.