Amor em desespero (ou do estudante sem propósito na vida)

Um estutante, seu jeans

Sujo de semana, fumaça negra

Motocicleta estacionada

Muro pixado

Ideologias que se pregam.

Uma moça que passa ele repara

Casamento estável, dois corpos

Vê graça no caos, violência noturna

Boteco, amigos à mesa

Enchem os copos.

Nenhum interesse no mundo

Interessa mais se salvar do próprio

Amor que quase explode no peito

Comprimido em centímetros quadrados

Nada além, nenhum propósito.

Que lhe importa o jornal?

Sabe bem, não verá lá teu nome

Amar a vida, seu All Star

Mais válida idéia de paixão

Quanto a moça, qual teu sobrenome?

Defende o amor sem propósito

Sem fim e sem fim algum

Sempre há a hora de ir pra casa

Sempre saindo em dois

Voltava hoje em um.

Não leva flores às covas

Prefere vê-las florir no próprio espaço

Tua lágrima é forte como um navio

Se anda curto o teu pavio?

Queimado outrora, nem sinal de fumaça...

Todo dia é dia de ironia

Nem todo suco tem o poder da alergia

A resistência brota como praga

E do mundo já não se fala

Vê seu futuro resumido em cinco amores

Já nem sente fissura por todos os sabores.

"Mundo cruel", ele ouviu e guardou

Aprendeu que cruel mesmo são as perguntas

Os dedos e o Amor mau dito

Como se palavra algum pudesse descrever

O que é mar, o que é amar...

Como se beijo algum pudesse fazer

Com que ele pudesse, pelos jornais, se apaixonar.