a inocência do medo

quando o medo me enfrentava o sono

e eu pequena me embalava

na solidão do ser

sem vestes ou subterfúgios

nem sentimento de gravidade

recolhia-me da robustez da noite

prenha mais de aranhas que de céu…

e sob o lençol bordado a paz

e rendas de luar

era eu, sem ser

forte e audaz!

eu, no ventre do Adamastor

que também chão

me labutava em receio e luz…

a madrugada era um navio

em viagem 3D

para a guerra do nunca

na lógica sem razão…

e bem fundo

adivinhava o estilhaço

dos meus joelhos trémulos

de inverno em solstício de breu…

e correndo, caía…

e voando, descia…

mas, importantes na ida

eram os meus sapatos….

sobre.

e as aranhas…

sob.

porque o retorno, esse…

eu sabia…

era sempre a noite posta

num beijo de mãe.

sonhado.