Feitiço...
Os teus olhos guardam o feitiço
que deixa o meu corpo mortiço
e o meu sangue em ebulição...
Tens-me na palma da mão
e disso fazes alarde
pois ris da minha paixão
e torturas-me até ser tarde...
Sou teu sem seres minha
sou como o sol, condenado
a nascer de manhãzinha
para no ocaso morrer afogado...
Estás aí mas nunca presente
és tão fugidía como a luz
és um silêncio eloquente
que entretanto me seduz...
Não me imagino sem este viver
não vejo outro caminho a trilhar
não quero o teu feitiço perder
nem sentir esta paixão definhar...
É esta a mágica que nos solda
usando para tal, o nosso suor
e é o nosso cansaço que molda
deste amor a parte melhor...
No teu sorriso vejo ainda ilusão
no teu corpo sinto ainda arrepio
na tua carne pulsa ainda o tesão
que me deixa a respiração por um fio...
Adoro consumar-me quando te consumas
adoro chegar junto com a tua chegada
e ficar com o olhar turvado pelas brumas
da cegueira efémera por esta cavalgada...