Segredo

Eu tinha tantos anseios

Tantos medos

Transpirava inocência

Nova demais

Sonhadora demais

Infantil demais

Hoje sou madura

Possuo outra visão

Não dou mais pérolas aos porcos

Eu escolho meus inimigos

Dito as regras

E se não for alguém a minha altura

Resolvo não gladiar.

Vivi algemada.

Meu corpo

Era prisioneiro.

Hoje

Continuo algemada,

Meu corpo continua sendo prisioneiro,

Mas,

Aprendi a desatar as amarras

Que prendiam minha alma

E agora

Posso sem medo

Dizer que estou em plena liberdade,

Porque,

Da minha alma ninguém, nunca

Será dono

E nem reinará

Não terei déspotas sobre ela!

Sou uma farsa

Vivo uma vida que não é minha

Odeio-me por isso

Tenho que rir

Parecer feliz e acenar

Dizer bom dia

Boa tarde

Boa noite

Como vai?

Quando o que eu gostaria de fazer

Era mandar todos às favas

Ir pra um apart hotel

Para uma noite de amor eterna

E não pensar em mais nada...

...Além de amar você.

Já ouvi dizer

“A vida não é complicada,

Somos nós que a complicamos

Com nosso apego as coisas passageiras”

E no meu caso?

Não sou eu quem complica

Mas um complicado ser

Um emaranhado

Prepotente...

A sociedade.

Pensei em não mais viver

Mas afastei-me dessa idéia

Pois é isso que o sistema quer

Que me sinta deprimida

[mais remédios serão vendidos]

Que não consiga superar meus problemas

[mais atendimentos aos psicólogos]

Que eu seja sempre

Dependentemente

Dependente

Pra sempre

Mal sabe o sistema

QUE AMO VOCÊ.

Milena Campello
Enviado por Milena Campello em 10/02/2009
Reeditado em 06/01/2010
Código do texto: T1432235
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