FLOR-DE-LIS
Um dia ontem
um dia antes
ontem passou
antes... antes não veio
e o hoje é inquestionavelmente vivido....
Dizer em palavras
o que não é expressável num olhar
e num poema produzir a melodia nunca antes recitada
fazer de um simples gesto trocado o sussurro jamais emitido.
Pois a mão que acaricia o rosto suave de feições meigas
será a mesma que esculpirá o poema esmerilado
e acariciara o corpo desnudo.
Transcender no anseio jamais atingido
velejar alem a capacidade do provável
estar por entre o que em nenhum momento esteve
sentir outra vez o abraço que um dia experimentou.
A palavra poética
o verso amigo
a experiência nunca concretizada
ainda que exegivel.
Ouvir a voz emudecida
de um olhar completamente imperfeito
proponente e transgressor
contrastando com a beleza esplendida de uma vigorosa flor
a flor-de-lis.
Olhar impenetrável, radiante, sempre energético
que reflete um céu estrelado
fazendo foco em uma só e outrora solitária estrela vigilante.
A condição inaceitável
contudo, todavia excitante
de uma circunstancia inexistente
mesmo assim admirável, flutuante, proponivel.
És a flor
a flor instigante
que nesta data ergo à ti
para felicitá-la e brindar a vida.