MISTURA DE SONHOS

De Regilene Rodrigues Neves

À noite o travesseiro acolhe meus sonhos

Dormindo a poesia escreve dentro de mim

Seus segredos... Passo a noite tentando copiá-los...

Em vão minhas asas imaginárias os perseguem

Cheios de sentimentos eles reviram meu avesso

Escondem-se no meu íntimo tomando posse do meu eu.

Leio-os para entender os sonhos

Que se propagam dentro de mim

Num silêncio obtuso da minha ignorância

Que se divide entre o bem e o mal...

São sonhos diversos aleatórios

Em proporção de afinidades com meu íntimo

Um lugar secreto de epopéias submersas

Algumas ganham o mundo

Afloram absolutamente in loco

Do ápice do meu abstrato

Para divagarem em partilha de bens

Repartindo meus sentimentos com o mundo

Mato a fome de poesia carente na alma

Porque somente corpos

Sobrevive sua imagem de aparência enganosa...

O mundo reflete de um espelho exterior

Escondendo sua face verdadeira

Medos cheios de adversidades

Viram sombras para abrigarem

Um espírito de conflitos

Guerra e paz se debatem

Entre escombros de almas perdidas

O front avista ilhas de fantasias efêmeras...

O grito do amor ferido

Escorre da rosa

Espinhos por - morte

Do sangue vermelho de paixão...

Entre lençóis mancha a alma de desejos

Alguns impuros se destacam

No cetim branco do lençol

Escorrem do gozo dos corpos

Que queimaram em vícios de amor...

Lembranças de uma rosa

Acorda estendida na manhã sobre a cama

Joga pétalas de poesia dos sonhos...

Misturas secretas de amor e ódio

Desvendam mistérios da alma

Facetas de um diamante bruto

Adornam o corpo de uma jóia rara...

Estrofes combalidas me devoram

A vida amanheceu cheia de poesia

Jogadas nas avenidas de uma estrada vazia

A solidão passara antes dos sonhos

Soprando palavras ao vento...

O travesseiro guardou pra si meus segredos

Algumas estrofes caíram dos meus sonhos

Sem nenhuma pretensão sonharam com o amor

Seu perfume satisfez um poema metódico

E estranho ao entendimento,

Mas fora a imagem refletida por dentro

Misturada de sonhos e sentimentos

Que seu poema me sussurrou

E nesta manhã com o mundo partilhou!...

Em 10 de fevereiro de 2009