"Entre Aspas"

"Entre aspas eu lhe digo

citação própria,

criação minha,

eu lhe devo minha vida

por tamanha sabatina.

Porque perto do senhor

sou assim tão mesquinha

sua pessoa tão distinta

quase um doutor

em inteligência, rapidez

e é claro, bom humor.

E eu que não sei de poema

de bom tom gramatical

venho aqui me desculpando

quem sabe lamentando

de não ser assim como tal;

esse meu grande problema

Então que o senhor desculpe lá

a minha dialética dane-se

com a minha poética foda-se

os meus maus modos de rimar

mas é que desta água eu não bebo

"me" afundo, "me" afogo

nestes erros de quem sente

mas não sabe ser brilhante

muito menos eloqüente

Que Deus ajude a nós

pobres estúpidos

escrupulosos

e adultos

com nossa sempre parca sapiência

perto de seus 30 min

de paciência

que eu sei o que é sentir

e doer de mágoa, de dignidade

e quem sente, sabe

mesmo esperto e letrado

não sabe dizer,

está calado.

que eu sei o que é saber

mas não saber dizer

como o senhor sabe bem

que gosto

a mágoa tem.

Que a gramática, e a poética

e a bela dialética

que o sr. tanto domina

vale tanto quanto merda

e já foi pela latrina.

E o senhor desculpe lá,

mas sua alma é vazia

insana e demente,

brilhante, inteligente,

a ponto de dizer trevas

e achar que disse luzes

e eu rezo pelo doutor

que Deus lhe cesse a dormência

que ame, e chore

e pragueje

e sofra o saber

de estar calado

e ter tanto a dizer

Porque é digno sentir dor

é decente chorar

por essa faca pungente

que fere o outro

e dói na gente"

Maeve Tasadür
Enviado por Maeve Tasadür em 09/02/2009
Código do texto: T1430844
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