Dos escombros de mim
Mas, do que será minha sorte?
De frases costuradas a antigas rimas vazias
na roda onde o poeta é o senhor da morte.
Sonhei o amor e assim renasci,
sem ver por onde, simplesmente caminhei,
escolhendo a vida, segui...
Dos milhares de sonhos que sonhei,
muito dos escombros de mim reconstruí,
partituras mal traçadas, restaurei...
As velhas muralhas em adeus
desnudam a paisagem que por tanto mutilei
ao negar-lhe os desejos meus...
Entre ecos o livre canto anuncia
o desencanto que sem encanto testemunhei,
fim da paz e luto em toda poesia...
Oásis da paz onde a sombra dorme estendida,
lembranças de um corpo que somava amor
e que hoje espera o raiar de mais um dia...
No olhar que me faz descrente cega a sorte
e nas horas sombrias a criança em mim silencia,
o vermelho da vida é também a cor da morte...