Qualquer querer de mim
Queria um sonho ou um hoje qualquer,
nem luas, nem estrelas, tampouco sol,
queria poder pisar a terra que me fez,
olhar minha matriz uma única vez,
calar a pergunta, sentenciada
a não ser mais o que sou.
Queria embriagar-me da verdade que restou,
quem sabe hoje dançar com a morte,
fazer do dia a noite que por tanto afugentou
e brindar com sangue minha sorte...
Ah! Que gritem os homens de pouca vontade,
ou que cale o altar o santo que há tanto rezou,
faça-se ao menos por hoje essa tão minha verdade
nesse mundo onde o homem a hipocrisia cultivou.
Queria, ah, como queria!...
Apenas por hoje um sonho qualquer,
sem luas ou estrelas ou sol,
sem vida ou morte,
sem pergunta,
sem busca,
sem sorte.